Vou contar uma história
De muita luta e sofrimento
Perdi mamãe com 12 anos
Ainda muito inocente
Enfrentei 05 madrasta
A maioria incompetentes.

Quando tinha 15 anos
Fui embora pra Santana
Pra casa de Francisco Morais
Cortar e cambitar cana
Junto com Deca e Renato
Filhos de tio Berto e Ana.

Meu nome, Manoel Ribeiro
Nasci na Fazenda Patrocínio
Não estudei quando criança
Assim foi meu destino
Eu fui como um escravo
No meu tempo de menino.

Chegando em Chico Morais
Fui cortar e cambitar cana
Foi uma boa experiência
Me parecia ser bacana
Porém, fazia qualquer coisa
Pra ganhar minha grana.


Além dos meus primos
Também tinha meu irmão
Que Deus já levou
Que seu nome era João
Um homem trabalhador
Tinha um coração de leão.

Eu gostava dos meus primos
Zé Lúcio e Chico Moreira
Meus amigos de infância
No trabalho e nas brincadeiras
Dançávamos forró no S. João
E comia milho nas fogueiras.

Tinha outros amigos
Como Dé Benício de Oiteiro
Onde trabalhava meu irmão
Que se chama Zé Ribeiro
João Til e Sebastião Cirilo
Todos eram verdadeiro.

Senhor Sebastião Cirilo
Era um senhor muito legal
Deixou filhos maravilhosos
Como Marlene, João e Bau
Galego, Antônio e Emília
Penha e Lourdes eram genial.


Lembro de outra família
Que eram de boa qualidade
Antônio Moreira, Maria Barbosa
Os pais de José, Luiz, Solidade
Penha, Mazé, João e Francisco
Lourdes,Neves e Maria do Carmo.

Lembro do casamento
De Zé Ribeiro meu irmão
Eu tinha só 16 anos
Mas tive a satisfação
De comer a coxa do Peru
Ainda Guardo a recordação.

Vi o nascimento dos seus filhos
Sebastião, Zeza e Iolanda
João, Lourdes e Antônio
Meus sobrinhos são bacana
Não tenho como esquecer
Todos dependiam da cana.

Lembro de Maria José
Minha prima da Santana
Filha de Francisco Morais
Mãe de Lígia, José e Luciana
Roberto, Cacá e Maria Helena
Da querida e inesquecível Liana.


Lembro de João Moreira
Quando casou com Lourdinha
Fui convidado para o casamento
Junto com Chico Morais e Toinha
Nina também estava lá
Comendo do peru e da galinha.

Lembro Antônio Cardoso
Tio da minha estimação
Pai de Zitinha e Josias
Que tenho como irmãos
Coisas pra nunca esquecer
Guardo na minha recordação.

Lembro de tio Berto
E de sua esposa Ana
Eram gentes maravilhosas
Que trabalhavam na Santana
Junto com toda família
Viviam do cultivo da cana.

Também lembro tia Negra
Mãe de Valdemir e Valtinha
Valdir, Vioney e José Vanderlei
Criou todos sozinha
Ficou viúva logo cedo
Pra ela foi o fim da linha.


Voltando para tio Berto
Nunca levou desaforo pra casa
Um dia entrou numa luta
Saiu com a cabeça lascada
Para defender seu filho
Acabou levando uma foiçada.

Passou mais de 03 anos
Quase não conseguiu falar
Quando a gente falava com ele
Só se ouvia resmungar
Ana cuidou muito dele
Foi difícil pra recuperar.

Ele tinha 10 filhos
Todos dependiam da cana
Moravam em Pitombeira
Depois mudaram-se pra Santana
Faziam as mesmas atividades
Para ganharem sua grana.

Todos viviam na luta
Para não passarem sufoco
Faziam tudo, até o impossível
Mas o que ganhavam era pouco
Não sabiam mais o que fazer
Viam a hora de ficarem loucos.


Lembro de Zé Fidele
Era um grande amigão
Gostava de jogar sueca
Na calçada do barracão
Que era de sua propriedade
Onde vendia alimentação.

Lembro de Sebastião Merele
Vivia da mesma função
Era casado com Nevinha
Filha de um bom cidadão
Chamado Guedes Peixoto
A quem eu tinha estimação.

Lembro meu irmão
Que se chama Zé Ribeiro
Muito disposto e corajoso
Também muito guerreiro
Os burros que trabalhava
Eram manhosos e popeiros.

Lembro de Nina e Toinha
Que tinham uma devoção
De jogar todo os dias
Com o dinheiro das criações
Vendiam os ovos das galinhas
Para cumprirem sua missão.


Também tinha outra tia
Que se chamava Nenzinha
Era mãe de 04 filhos
José, Maria e Lourinha
Renildo o xodó da vovó
Que a gente chamava máe Ritinha.

Lembro de outros amigos
Que eram gentes muito legal
João André, Tiba e Apolônio
Chico Quelé e João Vital
Seu Astério, Barreira e Nezinho
Bel, Geraldo e seu irmão Genival.

Lembro de Renato e Adalto
Esses eram 02 irmãos
Amansavam os burros brabos
Tinham muita disposição
Carregavam eles com areia
Na hora da refeição.

Me lembro de Solidade
Mulher muito guerreira
Lavava nossas roupas
Plantava feijão, Fazia feira
Nos domingos ainda ia a missa
Sempre foi fiel e verdadeira.


Lembro de Zé de Aceu
Sempre foi muito bacana
Casou-se com Carmita
Filha de tio Berto e Ana
Foram todos pra S. Paulo
Deixando a Usina Santana.

Eu, José Lúcio e Chico Moreira
Juntos fazíamos noitadas
Íamos para Santa Rita
A procura das namoradas
Voltávamos tarde da noite
As altas da madrugada.

Contei uma linda história
É grande minha emoção
Falei de pessoas queridas
Que moram em meu coração
Para quando eu partir
Deixar de recordação.

Aqui termino de narrar
Uma história muito bacana
Falando da minha família
E dos amigos da Santana
Saudade de Nina e Toinha
E meus primos filhos de Ana.