Poetas universitários
Poetas de academias
Ricos em vocabulários
Cheio de filosofia
Aqui na vossa presença
Quero pedir licença
Mesmo sem ser doutor
Pra declamar minhas rimas
Pobres em matéria prima
Mas feitas com muito amor

Lucena alguém te falou
O quanto eu tenho falado
Ainda falando estou
És meu torrão amado
Muito te prezo e venero
Vejo aqui teus mistérios
Teu povo vive a pescar
A tua beleza é tanta
Que os turistas se encantam
Vem e não querem mais voltar.

No romper da aurora
Quando eu saio pra caminhar
Sinto falta da sobora
Do canto do sabiá
E do canário das Campinas
São coisas da força divina
Que o homem destrói sem pena
Como dos nossos cajueiros
Acabaram pra fazer viveiros
Prejudicando o ecossistema


Lucena terra amada
Teu maravilhoso clima
Me deu de mão beijada
Um mundo cheio de rima
O teu sol tão ardente
Treme na vista da gente
Mas nos enche de amor
Teu milagre, tua virtude
Dar fé, coragem, saúde
E força ao teu pescador!

Ninguém sabe direito
Como se deve decifrar
Tanta beleza que tens
Em suas ondas do mar
São coisas da natureza
A lua com sua beleza
Nasce com brilho de ouro
Em cima da terra inteira
Sua brisa sopra maneira
Em ti, Lucena, nosso tesouro.

Lucena sempre pescou
Com suas redes de arrasto
Com seus bons pescadores
Corajosos e cabras machos
O tempo nunca destrói
A fama dos teus heróis
Na jangada com a vara na mão
Enfrentando grandes perigos
Com lucro ou prejuízo
Em busca do peixe e camarão.


Tu és muito importante
Teus frutos são naturais
Recordo a todo instante
A origem dos nossos pais
Deste jeito é que te quero
Muito te prezo e venero
Vivendo assim afastado
Da vaidade e do orgulho
Guerra, ambição e barulho
Do mundo mais civilizado.

Hoje mais evoluída
No trabalho, na educação
Sempre foste esquecida
Tuas crianças sem lição
Um lugar pequenino
Por isso teu destino
Traz tua simplicidade
Nos dá fé e esperança
Para termos confiança
Na nossa linda cidade.

Recordo com muito amor
Meu tempo de rapaz
Tempo que os anos levou
Coisa que não volta mais
Quando toda noite eu ia
Com prazer e alegria
Sem enfado do trabalho
Ouvir orações e benditos
Porque achava bonito
A festa do mês de maio.


Uma grande fogueira
No terreiro se via
Homenagem verdadeira
Ao santo mês de Maria
Na sala em cima da mesa
Umas quatro velas acesas
E as mulheres ajoelhadas no chão
Louvando vagarosamente
Todas alegres e contentes
Com o santo terço na mão.

Também nossas lapinhas
Ainda tenho recordação
Dona Sônia em Costinha
Luta com muita paixão
Pra nunca ser esquecida
Também dona Ivanilda
Nunca deixou se apagar
Luta pela nossa tradição
Aquecendo seu coração
Preservando a cultura do lugar

Lucena eu estou vendo
Que teu novo pescador
Parece que não ‘intendo’
Não vejo o mesmo rigor
Daquele tempo passado
Era povo mais animado
Tinha mais explosão
Quando acabava maio
Já começava os ensaios
Do santo mês de João.


Lucena terra de Minô
E do Saudoso Toscano
Pelo esporte tinha amor
Sempre fazia seus planos
Era um amigo do peito
Com aquele seu jeito
Só deixou recordação
Lembro da sua voz calma
Hoje rezo pra sua alma
Peço pra ele a salvação

‘É belo a vida inteira
Viver contente e feliz
Hoje é uma bagaceira
Dentro do nosso país
Bela Lucena inocente
Não abandona sua gente
Nem nada lhe faz medo
Segue com suas modinhas
Maneiro, pau, cirandinha
E muitos outros briquedos.

Hoje já velho tô vendo
Estou perto da morte
Porém morro dizendo
Fui uma pessoa de sorte
Não dou cavalo pra morrer
Fico feliz em saber
Tenho meu canto guardado
Em meu querido torrão
Tenho sete palmos de chão
Para nele ser sepultado.


Mesmo depois de morto
Ainda tenho prazer
De ter grande conforto
Nunca vou me arrepender
É verdade que as almas
Mesmo as que estão calmas
E alcançaram a salvação
Fica vagando no espaço
Meus caracois eu faço
Por cima do meu torrão.

Lucena de Américo Falcão
Um homem muito sincero
Só melhorou a educação
Com a chegada dos Cornélios
Ernestina que é filha
Segue a mesma trilha
Na cultura e na educação
Com professores capacitados
Ensinando o caminho da verdade
Para os filhos da região.

Com a lei Paulo Gustavo
Nossa cultura evoluiu
Os artista que estavam desmotivado
Agora estão mais feliz
Para se apresentar
No seu querido lugar
Mostrando seu valor
A secretária de cultura
Tem uma equipe à altura
Exerce a função com amor.


A secretária Ernestina
Uma pessoa capacitada
Desde que era menina
Que segue essa jornada
A todos dá preferência
Basta terem competência
Pra mostrarem suas artes
É assim que se trabalha
Sem rancor e sem maracutaia
Mostrando seu caráter.

Os artistas de lucena
Têm muita inspiração
A cor branca e morena
Gosta do xaxado e baião
Dança carimbó e lapinha
Coco de roda e cirandinha
É um grande celeiro
Também temos Verônica
Professora de dança
Poesia, é com Manoel Ribeiro.

Américo Falcão nasceu
Em 1980
Todo tempo que viveu
Mostrou sua competência
Apaixonado pelo Brasil
Faleceu em 17 de abril
De 1942
Lucena, terra que mais amou
Aonde chorava sua dor
E comia camarão com arroz.


Se eu morrer em outro lugar
Findando assim minha lida
No outro lado da vida
Da praia eis de lembrar
E se Deus me castigar
De mim vai ter pena
A punição será pequena
Pior castigo foi ser
Um pescador e morrer
Distante aqui de Lucena

Sou um simples cordelista
Cumpri com meu papel
Falei da cidade e dos artistas
Em essa poesia de cordel

Sou filho de Zé Ribeiro
Um agricultor brasileiro
Daquele que nunca estudou
Mesmo sem ter estudado
Fez da vida uma faculdade
E do mundo seu professor

Quem segue a lei de Deus
Nunca erra seu caminho
Judas, desobedeceu
Morreu sem ter carinho
Todo filho de Jesus
Carrega sua cruz
Do tamanho que merece
E tem sua recompensa
A cabeça quando não pensa
É o corpo quem padece.