Vou contar uma históra
De um cara muito teimoso
Bebia muita cachaça
Sempre foi muito artiloso
Brigou com Fulozinha
Por isso ficou famoso.
Esse cara que falo
Era meu tio Pedro
Chamava nome brabo
Nada lhe fazia medo
Não gostava de cochicho
Com ele não tinha segredo.
Sempre foi solteirão
Nunca pensou em casar
Namorava com a garrafa
A cachaça era seu par
Só não bebia mais
Porque não podia pagar.
Era um senhor bondoso
Gostava de fazer favor
Bastava lhe dar cachaça
Fazia com muito amor
Era honesto e ligeiro
Também muito trabalhador.
Comia na casa do irmão
De nome Francisco Morais
Esse marido de Toinha
Gente boa até de mais
Só cozinhava com lenha
Porque não existia gás.
Ele era incarregado
De ir a mata buscar lenha
A sua Santa protetora
N. Senhora da Penha
Ele tinha uma égua
Que nunca ficou prenha.
Era um lindo animal
De nome Coisa Boa
Sempre cuidava dela
Nunca lhe deixou atoa
Dando água e comida
que tirava de uma lagoa.
A Égua era bonita
Também muito possante
Quando ele caia dela
Ela não saia do canto
ficava ali ao seu lado
Não arredava um instante.
Ele nunca acreditou
Em Comadre Fulozina
Gostava de ir pra mata
Buscar lenha pra Toinha
Saia depois do almoço
E voltava a tardezinha.
Seu irmão Francisco Morais
Lhe dava muito conselho
Não vai pra mata bêbado
Tu não respeita o alheio
Comadre Fulozinha não gosta
De quem chama nome feio.
Comadre Fulozinha
Tem semelhança de Carpora
Se chamar nome na mata
Ela logo manda embora
Gente mal educado
Que joga conversa fora
Ele sempre foi um cara
Desobediente e inturrão
Dizia Fulozinha que nada
Eu corto ela de facão
Chamou nome na mata
Ganhou sua promoção
Me lembro de um dia
Uma tarde de domingo
Botou a cangaia na égua
Saiu cantando e sorrindo
Todo os dias feriado
Cumpria seu destino.
Sempre levava com ele
Uma foice e um machado
Já tinha tomado uma
Estava embreagado
Quando chegou na mata
Já era muito tarde.
Começou cortar os paus
Pensando está sozinho
Tinha alguém na sua cola
Estou aqui seu Pedrinho
Hoje você vai aprender
Me tratar com mais carinho.
Chegou pertinho dele
Deu um toque em seu braço
O machado revalou no pé
Logo arrancou um pedaço
Ele botou cachaça em cima
E enrolou com um saco.
Ele ficou aperriado
Perdeu muito sangue
Estava escurecendo
Ele logo foi desabando
Para todo lade que ia
Encontrva tiririca e maribondo.
Ele não mais sabia
O que devia fazer
Não avistou mais a ègua
Não tinha o que comer
Fez dum pau travesseiro
E chegou a dormecer.
Ali agarrou no sono
E não viu mais nada
Quando se acordou
Já era madrugada
Não tinha maribondo
Tiririca nem nada.
Avistou sua égua
Pertinho onde estava
Ficou com muito medo
Cuidou logo em ir pra casa
Nunca mais ele disse
Fulozinha que nada.
Assim foi a história
De Pedro e Folozinha
Ela mostrou pra ele
Que da mata é rainha
Nunca mais tio Pedro
Foi tirar lenha pra Toinha.
Tio Chico era educado
O dito esposo de Toinha
Tinha bastante respeito
Por Comadre Fulozinha
Sempre que ia a mata
Levava fumo pra moçinha.
Isso é um exemplo
Pra gente ingnorante
Pensar antes de ser
Orgulhoso e arrogante
Dessa vez ele aprendeu
Deixou de ser humilhante
Tio Pedro deixou de ir
Cortar lenha na mata
Não chamou mais nome
Não fez nenhuma falta
Cozinhava com carvão
Só não deixou a cachaça.
Ficou tratando da égua
Esqueceu o machado
Pra ele era um trauma
Quando via o pé cortado
Deixou de ser enturrão
Passou a ser educado,
Comadre Fulozinha
Preparou a esparrela
Para pegar Tio Pedro
Ele caiu no laço dela
Criança mal educada
Ela vem arrochar a goela
Para viver neste mundo
Preciva ser inteligente
Para estudar e trabalhar
E viver honestamente
Nunca dar para os outros
O que não serve pra gente.
Quando escrevi esta lenda
Lembrei do meu amaor
Minha querida mãezinha
Foi ela quem me ensinou
Espero que tenham gostado
Meu Tio Pedro não gostou.
Quem segue a lei de Deus
Nunca erra seu caminho
Tio Pedro desobedeceu
Só encontrou com espinho
Todo cristão é filho de Jesus
Tem que carregar sua cruz
Do jeito que merece
Cada um tem sua sentença
Quando a cabeça não pensa
É o corpo quem padece.
Encontro na poesia a melhor solução para me alegrar,pois ela informa e descontrai de um jeito todo especial.
