Vou contar uma história
Que mexeu com minha vida
Na cidade de lucena
Ao norte da Paraiba
Na praia de Costinha
Aonde fechou uma firma.
Esta firma que falo
Era aonde trabalhei
Não dava sem metros
Para aonde morei
Falo da Copesbra
Que tanta falta nos fez.
A pesca da baleia
Matava nossa fome
Durou em Costinha
Setenta e quatro anos
Pensei nuca acabar
Fechar não era meus planos.
A pesca da baleia
Chegou no Brasil
No século XVII
Segundo o leitor diz
Na Bahia e Santa Catarina
Foi uso mercantil.
No século XX
Chegou em Lucena
Costinha foi premiada
Com uma festa tremenda
O povo ficaram contente
Com essa linda sena.
Ninguém nunca pensou
Que um dia fosse acabar
Uma coisa muito útil
Para nosso lugar
Não estava nos planos
Que viesse desativar.
Em 1911
O presidente Afonso Pena
Teve a responsabilidade
De trazer para Lucena
A pesca da baleia
Foi uma festa estupenda.
Nessa mesma data
Dia de festa em Costinha
Chegou a pesca da baleia
Na nossa linda prainha
Empregando seu povo
Pra ganhar sua feirinha.
As espéces das baleias
Tinha de todo porte
Era tantas qualidades
Preta, azul, cachalote
Também mink e espardate
Dava pra fazer estoque.
Era muitos empregos
Pra o povo da região
Costinha, Fagundes
Vieira e Marco João
Jardim e Mangereba
Todos ganhavam o pão.
Tinha outros lugares
Centro, Ponta e Gameleira
Até de outros municípios
Tambem fichava a carteira
Barra e Mamanguape
Livramento e Ribeira.
Vim trabalhar em Costinha
A pedido do meu irmão
Começou em 68
Para ganhar o seu pão
Cheguei em 69
Com muita disposição.
Construi muitos amigos
Ficando muito feliz
João de Tana e Aderaldo
Heraldo, Dedé Muniz
Antônio Bezerra,Juarez
Avelar, miro e Didil.
Adelson, Biu Freres
Manoel Jorge e Mangueira
Ivo, Paulo, José da Barcaça
Donato, Binho e Oliveira
Esmeraldo , Antônio Menezes
Derval e Poroca de Ribeira.
Duão, Val, Pedro Filinto
E Rodrigo com carinho
José do Bojo, Tio e Bia
Joquinha, Nestor e Gordinho
Baião, Chico Terto e Zé Rui
Valentim, Fidele e Marinho.
Sinto saudade da Copesbra
Lugar muito querido
Aonde fichei a carteira
E conheci meus amigos
Ficou guardado pra sempre
Na página do meu livro.
Cheguei na Copesbra
Tinha 19 anos
Sai com 42
Não era meus planos
Pensei me aposentar lá
Foi apenas um engano.
Os japoneses eram corretos
Não queria nada de ninguém
Na hora do pagamento
Não faltava um vintém
Aos bons trabalhadores
Eles davam parabéns.
Quando cheguei em Costinha
Conhecia pouca gente
As amigas Sônia e Geralda
Também Juarez Vicente
Júlio de Biá e Elena
São gentes decentes.
Cheguei na Copesbra
Fiquei muito contente
Trabalhar fichado era
O sonho de muita gente
Não foi atoa que deixei
Meus amigos e parentes.
Já estava cansado
De trabalhar clandestino
Comecei com 08 anos
Assim foi meu destino
Não tive uma boa vida
No meu tempo de menino.
Só tinha a Copesbra
No município de Lucena
Trabalhava na portaria
Edgar e Manoel de Helena
O motorista da Costinha
Era Francisco de Macena.
Trabalhar na Copesbra
Era grande privilégio
Pagava tudo certinho
A firma dava remédio
A lancha levava os alunos
Em Cabedelo para o colégio.
Se eu contar a verdade
Dizem que é brincadeira
A Copesbra dava transporte
Até pra fazer feira
E pra socorrer doente
Tinha lancha a noite inteira.
Vinha gente de Fagundes
Da Guia e Mangereba
Todos bairros de Lucena
Vinha gente pra Copesbra
Do município de Rio Tinto
Barra, Pacaré e Tatu-Peba.
Vinha muitos trabalhadores
Do município de Santa Rita
Compra-Fiado Livramento
Era uma ação muito bonita
Pagava tudo certinho
Andava em cima da risca.
Tinha muitas secções
Escritório e caldeiras
Oficina e charqueada
Esssa não tinha brincadeira
Se não fosse cabra macho
Saia logo na carreira.
Mas era muito bom
Trabalhar na Copesbra
O pagamento era em dia
Nã faltava uma moeda
Dinheiro vinha agranel
Era igual sal de pedra.
Me lembro de um dia
Quando Collor assumiu
Deu um tranca no dinheiro
Coisa que nunca se viu
Avisou seus amigos
E o resto puta que pariu.
A Copesbra preocupou-se
Pra fazer o pagamento
Em Guarabira tinha
Um dos nossos crientes
Que guardava dinheiro
Nos seus aposentos.
Ele comprava muito
Pagava sempre em cheques
Pedimos para mandar
Dinheiro em espécie
Ele aceitou a proposta
O pagamento foi certo.
A Copesbra ficou fliz
Também foi inteligente
Cumpriu sua obrigação
Realizou o pagamento
Dos seus funcionários
Foi muito competente.
O japonês matava baleia
Tavez até por ambição
Mas a gente trabalhava
Porque tinha precisão
Não tinha outra alternativa
Para ganhar nosso pão.
Portanto aqui peço
De Lucena a Costinha
Que todos meus amigos
Incentivem as criancinhas
Para estudarem com raça
Para ganhar sua sardinha
Para no dia da amanhã
Não fazer coisa feia
Não matar nem roubar
Não pegar em coisa aleia
Estudar é a melhor solução
Para não matar baleia.
Me lembro da Copesbra
De Edgar e Manoel Vigia
Marcavam nossos cartões
Depois no cino batia
Era hora de trabalhar
Normas da companhia.
Todos ficavam de pé
E iam para suas secçoẽs
Começar a tarefa
Era de obrigação
Chefes e ajudantes
Cada um na sua função.
Saito cara larga
Era chefe do estrado
Kobayashi e seu Rino
Trabalhava no outro lado
No comando da charqueada
A secção do arranca rabo
Trabalhar na charqueada
Quase ninguém queria
Se não fosse preparado
No outro dia corria
Quando a gente procurava
Já ia chegando na Guia.
Me lembro de um dia
Que chegou 24 baleias
Trabalhamos a noite e o dia
Vi a coisa ficar feia
Fizemos um lote de carne
Que chegou perto da telha.
O trabalho da charqueada
Era muito duro e sofrido
O esforço era grande
Mas era divertido
A gente sonhava em pé
Cortando cana no partido.
João Pexoto era chefe
Da turma da salgadeira
Não tinha como dormir
A cabeça era só leseira
Pensava que a carne era
Carrinho de brincadeira.
Dió, Genival e Ribeiro
Faziam água salgada
Para colocar a carne
Que vinha toda fatiada
Depois de meia hora
Já estava processada.
As pessoas de hoje
São todas diferentes
São igual meus filhos
Todos inteligentes
Eu e meus amigos
Éramos todos inocentes.
Para viver hoje em dia
Não precisa matar baleia
Tem muitas alternativas
Se não for cabra de peia
É só se qualificar
Pra ter barriga cheia.
Tenho saudade da Copesbra
Dos tempos bons que passei
Junto com meus amigos
Que já se foram, eu fiquei
Nosso time de futebol
Que tantas glórias nos deu.
Aqui eu quero falar
De outras coisas boas
Primeiramente de Deus
Que não faz coisa atoa
Segundo minha família
Filhos, irmãos e patroa.
Ainda na Copesbra
Quando eu vendia carna
Começava logo cedo
As duas horas da tarde
Eram tantos compradores
Só não vendia fiado.
Era Corina e Alfredo
Severina e Maria José
José Amancio e Rombudo
Mandacaru e Papa Mé
Zequinha e Gonzaga
Levavam carne pra Sapé.
Ezequias e Paulo Sabino
Bão e Pedro Salvador
Juvenal e seu Aprígio
Esses dois Deus já levou
Morreram no Jardim
Dixando a família na dor.
Vinha muita gentes
Da cidade de Cabedelo
Lúcia ,Zeza e Cleonice
Todos traziam dinheiro
Não tinha gente falso
Eram todos verdadeiros.
Gordo e João da Mata
Compravam carne seca
Mazinho de Guarabira
Comprava de carreta
Josa e josé Luiz
Levavam seca e feasca
Também tinha Cirlene
Esposa de Everaldo
Mandava um caminhão
Para pegar o encaixado
Quando dia amanhecia
O motorista tinha chegado.
Tadeu e José Batista
Vinham de Mamanguape
A firma não recebia cheque
Ttraziam dinheiro num saco
Para não dar manchete
Tinha medo de assalto.
Para comprar carne
Falavam com Ribeiro
Dez, quize, vinte quilos
Bastava levar dinheiro
Para arruma sua boia
E saí do desespeiro.
Quando o navio chegava
Era muita alegria
Todo mundo correndo
Vinha gente até da Guia
De Alagoa e Pernambuco
Minas Garais e Bahia.
Vinha gente de outros países
Ver a chegada das baleias
Das cidades do Norte
Até os índios das aldeias
Da Bolívia, Peru e Chile
Ver o tamanho da sereia.
A Copesbra era boa
Para quem vendia
Dentes e barbatanas
Para fazer fantazias
Pra enfeitar os turistas Que viam lá da Bahia.
Quem se dava muito bem
Os vendedores de churracos
Carne trinha em quantidade
Era um precinho barato
Apenas um cruzeiro
Era o preço de um prato.
O bar de dona Dora
Vendia muito churrasco
Lica vendia dentes
Para fazer artesanato
E barbatana de baleia
Processada por Donato.
Seu Augusto Laurentino
Também vendia dentes
Todo mundo vivia bem
Com aquele movimento
Ganhava bastante o pão
Todos viviam contentes.
Dona Nininha vendia
Sempre mais barato
Por cinquenta centavos
Você comia um prato
Se tomasase 5 cervejas
Ganhava um churrasco.
Ver cortar as baleias
Era um espetáculo
Era mesmo que ver
Os autorea no teatro
Pulando e dançando
Em pequeno espaço.
Trabalhava no corte
Shoje e Paulo Eufrásio
Duão,Gel e Eraldo
Antônio Donato ao lado
Raminho puxava o arame
Biu Bode no mesmo traçado.
Cosminho na manobra
Não perdia pra ninguém
Dava nó em arame
Naquele vai e vem
Assobiando e cantando
E se saia muito bem.
Toucinho, ossos e língua
Ia para o estrado de cima
Para cortar os ossos
O motor de gasolina
Luiz Pelúcia era quem
Enfrentava esse clima.
O lombo entrava no galpão
Era grande o movimento
Donato media a carne
Cortava Pedro Florenço
Nilson tirava a costela
Ligeiro como pensamento
Tirava carne pra venda
Também para o frigorífico
O que ficava era charqueada
Não dava mais bife
Fazia carne de sol
E carnarina pra bicho.
Para escolher a carne
Tinha dedé Falcãozeiro
Zé do bojo , Nena e Izidório
Poroca, Tio e Ribeiro
Dragão, Idalino e Derval
Todos eram guerreiros.
Trabalhavam nos tanques
Genival e Diocreso
Martins e João Ferraz
Faziam parte do processo
Esses quatro juntos
Faziam muito sucesso.
Trabalhava na salgadeira
Seu Joquinha e Pexoto
Dedé Muniz e Marinho
Mota não deixava torto
Apesar de sua idade
Era um homem disposto.
Ia para o frigorífico
Carne para exportação
As melhores partes
Mandavam para o Japão
Ramos chefe do frigorífico
Ajudante, Boquinha e Baião.
A carne era processada
Com muita atenção
Era botada nos túneis
Com grande perfeição
Tinha que dar 40 graus
Na hora da perfuração.
Depois de 24 horas
Fazia as embalagens
Depois de encaixadas
Colocava na estocagem
Fiicava um tempo gardada
Até na hora da viagem.
Exportava para o Japão
Carne, papo e calda
Barriga se chamava muni
Não perdia quase nada
Só se perdia o sangue
Por misturar-se com água.
A secção da carnarina
Só recebia o retraço
Aderaldo era o chefe
Mandava no pedaço
José do pão e Barbeiro
Eram dois velhos macho.
A secção da caldeira
Quem mandava, Bururé
Quando a cirene tocava
Ele já estava de pé
Com Targino e Zé Inácio
Assavam o churasco do café.
Na secção oficina
Tinha dez trabalhadores
Nozinho era ferreiro
Hermes e Boreste,soldadores
Luiz Marinho, torneiro
Todos tinham seus valores,
A secção casa de força
Mandava chico de Nequinho
Profissional e tanto
Fazia tudo certinho
Na parte da eletricidade
Ele estava sovinho.
Na sala de máquina
O chefe era seu Alfredo
Era muito competente
Trabalhava sem medo
Seu trabalho era aberto
Com ele não tinha segredo.
Tinha como ajudantes
Birá, Adelson e Edvaldo
Antônio Artur e tijuro
Também eram do quadro
Faziam sua obrigação
E davam conta do recado.
Na secção carpintaria
Mandava seu Orlando
Se mandasse fazer um móvel
Queria saber pra quando
Junto com João Santana
Roberto e Augusto Cristiano.
Na secção almoxarifardo
Mandava Antônio Dornelas
Ficava só despachando
Roupa, parafuso e ruela
Tinha tudo que precisava
Nunca vi uma coisa daquela.
Secção diverso serviço
Mandava Severino Pasc
,Preto velho e Damásio
Deixava tudo nos graus
Faziam todos serviços
Esses dois eram genial.
Também tinha as lanchas
Costinha, Cisne e Racata
Eram seis tripolantes
Todos com muita prática
Bobó, Antônio Cândido
Cícero e Bastião, eram raça.
Chico Rafael e Brito
Carregava carga pesada
Tambor e tanque de óleo
E fardo de charqueada
Iam pra João Pessoa
As altas da madrugada.
Na secção do escritório
Ana, Waldemir e seu João
Humberto, Eunice e Freires
Antônio Bezerra e Carlão
Manoel, Antônio Cândido
Seu Saito era o chefão.
Ainda na caldeira
Tinha João Rei e Quiba
Botavam lenha na fornalha
Até controlar as libras
Para funcionar os guinchos
Tinha que ter muita fibra.
A secção do refeitório
Lourdes cuidava dos japoneses
Margarida e dona Tonha
Atendiam outros fregueses
Nina e Maria André
Servia o pão francês.
Ribeiro trabalhava na venda
Onde entrava muito dinheiro
Não recebia cheque
Com medo do caloteiro
Só recebia de Mazinho
Porque era verdadeiro.
Recebia tanto dinheiro
Já não tinha aonde botar
Enchia todas gavetas
O cofre precisava socar
Ele só ficava sossegado
Quando ia depositar.
Quando a pesca parou
Foi um grande desespero
Acabaram a chance
De ganhar nosso dinheiro
O ferrugem tomou conta
Do velho navio baleeiro
O navio saia as 5 horas
Com sua tripulação
Para pescar as baleias
Era de sua obrigação
O artileiro era Sakagute
Sé atirava no coração.
Trabalhava no convéis
José da Barcaça e Negrão
Biu, Zé Damásio e Manga
Luiz Tavares e João
Dedé do mesmo time
Carlos cozinhava o pãp
Akio Saito, comandante
Tetejuy,chefe no porão
Seu ajudante Kishishita
Der motor tinham noção
Reginaldo era foguista
Junto com Severino Galvão.
Quando o navio chegava
Lá no alto mar
O povo sobia no mastro
Para as baleias aviatar
Precisava muito cuidado
Para não se machucar.
Quem avistasse baleia
Ganhava uma comissão
Tudo era bem anotado
Com muita atenção
Antônio Pernambuco
Tambám era da função
Eu tinha muitos colegas
Comigo na charqueada
João Antônio e Rodrigo
Francisco Terto e Gonzaga
Seu Biu, Rebeca e Avelar
Que comigo trabalhavam.
Manoel Ribeiro e Avelar
Eram chefe de turma
Lutaram muito na vida
Para ganhar a sua fuba
Não gostava de ver
Ninguém de roupa suja.
Seu Hino era exigente
Com seu trabalhador
Quem menos falasse8
Ele dava mais valor
Queria ver produção
Fazia do povo motor.
Seu Adalto era consiente
Só queria tudo certo
Na hora da embalagem
Ele estava por perto
João Antônio na balança
Na embalagem Chico terto
Era muitos empregos
Veja essa relação
Zélio, Zacarias e Duvanil
Aderaldo Paulo e Rodão
NCabo, Tatu,
Eraldo e mota
Edmilson e Pedro João.
Kobayashi era chefe
Mandava no pilotão
T tbMoacir e Pedro Bandeira
Motorista de caminhão
Canuto, Eliezer e Morais
Eram da mesma função.
Todo final de pesca
A firma fazia um festão
Com comida e bebida
Com muita premiação
Todo final de ano
Tinha boa gratificação.
Lembrei de Pedro Júlio
Bazar, Bal e Calderão
Zé do Doce e Arnaldo
Antônio meu irmão
Também foi do quadro
Trabalhava como leão.
Tinha Sotero e Fidele
Trabalhavam na Sofonação
Risoldo e Fevereiro
João Eliotério Chicão
Ailton e Geraldo Cané
E Boi de Fogo seu irmão.
Também José André
Lá do sítio Mangereba
Manoel João e Tatia
Que vinha de Tatu Peba
Todo mundo gostava
Dessa firma Copesbra.
Cinco horas da manhã
O navio saia pra pescar
Antes de vinte milhas
Já começava a matar
Deixava as baleias nas boias
Até a hora de voltar.
Ainda falando do navio
Aonde tinha muita despesa
Com o rancho e óleo díesel
Mas tinha uma nobreza
Se matasse uma baleia
Era lucro com serteza
No navio era dureza
Para sua tripulção
Geraldinho era taifeiro
Ajudava cozinhar o pão
Tirava e botava a mesa
Na hora da refeição.
Quando o navio voltava
Apanhando a produção
As baleias estavam sem língua
Virou comida de tubarão
Se não voltasse rápido
Eles comia até o arpão.
Escrever este livro
Para mim é um prazer
Para meus filhos e netos
De mim nunca esquecer
Se vovô escreveu um livro
Nós também podemos escrever.
Ainda tinha mais gentes
Que trabalhava comigo
Seu Tita e Zé Cabeção
Zé Rui e Biu de Ovídio
Quando eram despensado
Não tinham prejuízo.
O navio Koio maru
Deram o nome de Cabo Branco
Seu Dema e Pedro de Neli
Também eram tripolantes
Quem mandava no navio
Com certeza o comandante.
Me lembro de um dia
Um caso complicado
Quando um tanque estorou
Levou parte do estrado
Bia estava na carnarina
Ficou todo queimado.
A turma da charqueada
Era muito atarefado
Quando na hora de largar
Logo chegava um recado
Vamos buscar um caminhão
Que ficou atolado.
A trinta anos atrás
Aqui não tinha estrada
O carro vinha com sal
No buraco se atolava
A gente pra socorrer
Tinha que tirar a carga.
A nossa cidade era
Bastante atrasada
Quando tinha fábrica
Aqui não tinha estrada
Agora tá bem melhor
Deu uma boa avançada.
A turma que trabalhava
Na maioria era analfabeto
Quando chegava aqui
Quebravam ferro e concreto
Se trabalhasse dois dias
Já passava no teste.
Depois que a pesca parou
Foi grande adesinlusão
Com 50, 60 anos
Tinha pouca solução
De arrumar outro emprego
Para ganhar nosso npão.
Ainda hoje tem gente
Que está desagarrado
Quem se aposentou
A maioria pela idade
Ainda tem gente pescando
Esperando por om milagre.
Os nossos filhos são
Totalmente diferentes
Todos sabem lê e escrever
São bem competente
Não tem comparação
Com o tempo da gente.
Depois que a pesca parou
Os japoneses
foram a luta
Tentaram outras formas
Inhame, peixe e lagosta
Também com acerola
Que é uma gostosa fruta.
Os japoneses eram práticos
Para lutarem com baleia
Pegava sem comprar
Era uma panela cheia
Quando iam não matava
Voltavam de cara feia.
OQundo a fábrica fechou
Fiuei desempregado
22 anos em um só lugar
Fiquei desorientado
Comprei barco e armadilha
E fui viver do pescado.
A turma daquele tempo
A maioria Deus levou
Zé do pão e barbeiro
Estão com o salvador
Dois desapareceram
Dedé Muniz e Nestor.
Meu irmão João Ribeiro
Também aqui trabalhou
Morreu logo cedo
Quatro filhos deixou
Já tinha perdido meus pais
Foi mais uma grande dor.
Quando era pequeno
Não tive como estudar
Trabalhava como doido
Para mim sustentar
Lutei trinta e oito anos
Pra poder me aposentar.
Meus pais ficaram orfãos
Com 5 anos de idade
Tinha mais os irmãos
Ficaram desorientados
Os tios tomaram contas
Para lhe darem um bocado.
Meu pai quando tinha
Doze anos de idade
Foi trabalhar na cana
Onde foi escravizado
Na casa de um lavrador
De onde saiu casado.
Quando tinha 18 anos
Ganhou um coração
Casou-se com minha mãe
Também dos meus irmãos
Foram morar em patrocínio
Terra da usina São João
Trabalhar na Copesbra
Tinha uma vantagem
Pagava tudo em dia
Não tinha sabotagem
Os trabalhadores eram unidos
Não existia maldade.
A copesbra era boa
Também muito correta
Pagava no fim da semana
Tudo na hora certa
Quando era 4 horas
As portas estavam abertas.
Quando o mês terminava
No meio da semana
O abono era pago
Para ajudar na bagana
Era o salário de família
Aquilo era muito bacana.
Trabalhar na Copesbra
Tinha suas regalias
Era três quatro irmãos
De uma só família
Veja este exemplo
Cambimba, Carlos e Bia.
Tinha ouros exemplos
Que mostram os fatos
Vinha da praia de Ribeira
Zito, Antônio e Donato
Rodrigo, Poroca e Derval
Antônio e seu irmão macaco.
Ainda tinha outro caso
Com outra família
De seis em seis meses
Isso sempre acontecia
Zezé, Joca e e Antônio José
Chico de Manoel Vigia.
Quando o navio chegava
Aquilo era muito bonito
O povo saia pelas ruas
Correndo e dando grito
Gente de outros estados
Alagoas, Bahia e Sergipe
Vinha gente de outros países
Argentina, Espanha e Portugal
Ver a chegada da baleia
Aquilo era muito legal
Beber e comer churrasco
Não tinha coisa igual.
Aqui já falei da Copesbra
E de seus funcionários
Dos compradores de carne
Muitos vinham a cavalos
Também vinham de Cabedelo
Waldemar e Manoel Amaro.
Tem gente preoculpado
Porque voltei a estudar
O que digo pra eles
Vocês vâo se queixar
Suas estrelas não brilham
Deixem a minha brilhar.
Escrevi essa história
Falando de muita gente
Falei da minha família
Dos colegas e parentes
Todos esses amigos
Não consigo tirar da mente.
O homem pra ser completo
Precisa ser muito ativo
Plantar e regar uma árvores
Ter filhos,escrever um livro
Já fiz as três coisas
Meu dever está cumprido.
Aqui eu termino
A minha trajetória
Falei da Copesbra
Contei sua história
Ficou tudo gravado
Na minha memória,
