Sou um poeta solitário
Todo cheio de magia
Rico em vocabulário
Também em sabedoria
Quero pedir licença
E a sua paciência
Sou um simples escritor
Quero declamar minhas rimas
Ricas em matéria prima
E feitas com muito amor.

Nasci dentro do mato
Vivi sempre a trabalhar
Neste verso eu relato
Porque não pude estudar
No verdor da minha idade
Não tive felicidade
Escola nem professor
Perdi mamãe com 12 anos
Aí sim, entrei pelo cano
Sem escola e sem amor.

Hoje criei um esquema
Pra declamar um poema
Ao público de Lucena
E também de Santa Rita
Pra falar de São João
Infinita sua tradição
Todo ano se multiplica.


A gente sempre acredita
No nosso São João Batista
Nasceu sob o edomita
Único filho de Isabel
Veio antes de Jesus
E carregou também a cruz
Cumprindo seu papel.

São João foi muito fiel
Veio mandado do céu
Para o ventre de Isabel
Foi enviado por Deus
Para defender os seus
Daquele reinado cruel.

Muito linda esta historia
Isabel e Nossa Senhora
Receberam essa glória
Serem mães de Jesus e João
Em honra verdadeira
Zacarias fez uma fogueira
Que de longe se via o clarão\

São João, São Joãozinho
O Santo do carneirinho
Tanto afilhado e padrinho
Nesta terra brasileira
Tanto casal abraçado
Dançando forró e xaxado
Arrodeando a fogueira.


Querido e nobre Santo
Que a gente ama tanto
Sua festa é um encanto
Do litoral ao sertão
Não pode ser calculada
A pólvora que é queimada
Nas noites de São João.

Os velhos bacamartes
Virgem sem fazer arte
São guardado a parte
Com muita devoção
Para o povo sertanejo
Com eles fazem festejos
Na fogueira de são João.

Qualquer arma ferina
Bacamarte ou carabina
Criminosa e assassina
Como é a do caçador
Não tem capacidade
De atirar com liberdade
Nesta fogueira do amor.

Meu padroeiro São João
Santo do meu coração
Preste bem atenção
Como é lindo seu festejo
Olhe aí do alto do infinito
Como a gente faz bonito
Pra realizar seu desejo.


O homem pode ser ruim
Ter maldade sem fim
Viver de intriga e moitim
Socado na perdição
A falta mais grosseira
É não fazer uma fogueira
Na noite de São João.

Num mundo de tanta gente
Já ficando demente
Não sente como a gente
Mesmo sendo gentil
Sem gosto e sem sorte
Nunca viu São João no Norte
Nas terras deste Brasil.

Quem vive na cidade
Não conhece a verdade
Não tem felicidade
Nunca viu a tradição
Três homens emparelhados
Com bacamarte armardo
Pei, pei, viva São João.

Aonde tem sarapaté
Bomba e buscapé
Correndo atrás de mulher
Para entrar na sua saia
O milho colhido no roçado
Para o povo comer assado
Sem preisar tirar a palha.


Uma noite alegre e rica
O prazer se multiplica
Aonde Sebastião e Rita
Com beijos e abraços
E o pai de José Guedes
Toca o que o povo pede
Numa sonfona de oito baixos.

Na festa de São João
Tem fogueira e balão
No nordeste, no Sertão
O povo do nosso país
Dando viva toda hora
Quando o balão estoura
São João fica mais feliz.

Com lápis e papel na mão
Deus me dar inspiração
Para falar de São João
Pedir pra ele me ajudar
Levar fogo e madeira
Pra fazer uma fogueira
Lá no céu quando eu chegar.

Aqui quero finalizar
Com um lindo versinho
Procure abraçar e beijar
Dá bastante carinho
As pessoas que você ama
Pra nunca virar um drama
Depois ser tarde demais
Seja simples e sorridente
Abrace amigos e parentes
Principalmente seus pais.