Vou contar a história
De um casal muito fiel
Tinham muita humildade
E os corações de mel
Na terra só fizeram bondade
Com certeza estão no céu.
Manoel Cardoso da Silva
E Josefa da Silva Cardoso
Se encontraram em Tapira
Pintou um clima gostoso
Casaram foram feliz
Criaram 06 filhos
De um total de 14.
08 Deus levou
Ainda eram bebezinho
Os 06 que ficaram foram
Criado com muito carinho
Antônio, Francisco, Ilda
Marinalva, Bel e Naldinho.
Foram criados em Tapira
Na fazenda de João Monteiro
Pelo dia estudávamos junto
A professora, Rita Ribeiro
Antes de terminar as aulas
Cantávamos o Hino Brasileiro.
Nossos pais pagavam 01 diária
No dia de segunda feira
Os outros que restavam
Não tinha brincadeira
Cuidavam dos seus roçados
Do milho, batata e macaxeira.
Me lembro de seu neco
Quando mexia farinha
Pra cuidar do beiju de coco
Igual a ele não tinha
A massa era preparada
Pela sua esposa Zefinha.
Além de tudo isso
Também era bom pedreiro
Concertava as cassas do povo
Cobrava pouco dinheiro
Gostava muito do esporte
Futebol era a paixão dele.
Neco era muito desportista
Futebol foi seu destino
Cuidava do time de Tapira
Aonde tinha homens e meninos
Sua religião era a católica
Respeitava o som do sino.
Quando eu era adolescente
Me convidava pra jogar
Eu e Chiquinho erámos certo
Quando ele ia escalar
Quero te encontrar no céu
Temos muito à conversar.
Dona Zefinha e seu Neco
Formaram grande união
Criaram seus 06 filhos
Com amor no coração
Como é belo recordar aquele tempo
É belo e triste viver da recordação.
Os filhos todos crescerão
Tomaram seus destinos
Antônio foi para o exterior
Na política de João Agripino
Não tivemos mais notícia
Vi ele ainda menino.
Francisco já faleceu
Por ele tinha carinho
Um grande companheiro
Conhecido por Chiquinho
Hoje dos filhos homem
Só resta o amigo Naldinho.
As meninas estão vivas
Marinalva mora no Sudeste
Ilda e Bel moram em Lucena
Linda cidade do Nordeste
Quanto mais tempo passa
Mais nossa amizade cresce.
Zefinha filha de Salvina
Neco filho de Silvânia
Formava um casal perfeito
Construíram uma família bacana
Em Cabedelo faziam a feira
Todo final de semana.
Na fazenda Tapira
Aonde Pedro era administrador
Quando ele foi embora
Neco foi seu sucessor
Convidado por dona Zilda
Porque nele confiou.
Lembro de um certo dia
Papai alugou uma navergação
Viajava de Tapira a Cabedelo
Com farinha, beiju e carvão
Adivinha quem eram os tripulantes
Seu Neco e João meu irmão.
Trabalhavam neste barco
Mas não eram bem prático
Quando foram armar a vela
Aconteceu um desastre
O vento estava forte
Uma refrega quebrou o mastro.
Eles já estavam chegando
Pertinho de Cabedelo
Quando isso aconteceu
Entraram em desespero
Seu Neco mais experiente
Acalmava João Ribeiro.
Lutavam de toda maneira
Para ganhar o seu pão
Trabalhavam na agricultura
De onde tirava a farinha e feijão
Quando sobrava um tempinho
Viajavam na navergação.
Minha família saiu de Tapira
Fomos morar em Cabedelo
Tomamos conta da navergação
O terminal era o porto do muleiro
Seu Neco sempre oferecia
Uma dormida na casa dele.
Neco foi grande homem
Um bom pai e bom marido
Um bom filho e bom irmão
Um dos melhores amigo
Com tantas qualidades
Deixou muita saudade
Os filhos nunca esquece
Aquele pai maravilhoso
Com seu jeito carinhoso
está no céu porque merece.
Depois de muitos anos
Foram morar em Lucena
Terra do xaréu e o camarão
Também de belas morenas
Hoje já estão lá no céu
Escutando este cordel
Junto com Santa Madalena.
Eram pessoas maravilhosas
Pra vocês tiro meu chapéu
Que Deus lhe dêem a salvação
Dona Zefinha e seu Manoel
Recebam esta homenagem
Toda em rima de cordel.
Manoel Cardoso da Silva nasceu num sítio chamado Sipoá no dia 26 de janeiro de 1926 e faleceu em Lucena no dia 14 de março de 1997.
Josefa da Silva Cardoso nasceu na fazenda Tabapara no 10 de outubro de 1926 e faleceu em Lucena no dia 05 de junho de 2022.
